CURSOS


CURSO PARA CONSELHEIROS DE CASAIS

O casamento é uma experiência de viver com o outro, de partilhar a luta pela vida, de caminhar juntos no cotidiano, expressão maior do amor. O amor é o sentimento mais bonito e mais forte que pode haver entre duas pessoas. O ser humano só se realiza humanamente quando conhece e pratica o verdadeiro amor. Porém, o amor necessita ser demonstrado através de gestos e de atitudes concretas, pois, ele é fruto de esforço, algo que precisa ser conquistado. Mas isso, não se torna possível em um só dia, o verdadeiro amor é o esforço de toda a vida.
No casamento as pessoas iniciam um projeto de vida, incorporando a este projeto todos os aspectos da existência do ser humano. A partir do amor, pois quem ama deseja viver e expressar este amor de uma forma completa, na duração, na fidelidade e também na preocupação de um crescimento dinâmico e constante, com muita criatividade, onde o casal possa além de amadurecer, consiga ajudar-se mutuamente, procurando fazer a felicidade de ambos, construindo juntos uma comunidade de vida e de amor. Porém, este projeto de vida, esta comunidade de amor, precisa ser construído dia-a-dia, tendo como pano de fundo o diálogo, a compreensão, a solidariedade e o respeito. Na verdade, nem o casamento civil, nem tão pouco o religioso, livrará o casal dos ricos de crises, desgastes, infidelidade ou provações.
Além disso, homens e mulheres são seres humanos completamente diferentes. As características atribuídas tanto ao homem quanto a mulher, em suas formas de pensar, agir e sentir, tem tudo a ver com os aspectos de caráter e personalidade adquiridos pelos fatores biológicos, históricos e culturais. Para comprovar essa premissa, basta olharmos a maneira como meninas e meninos são educados. A menina, desde cedo, é estimulada a cultivar e transparecer sua sensibilidade e emotividade; se cai e chora, é protegida e consolada; brinca de casinha e com bichinhos de pelúcia; aprende a ser mais emotiva. Por sua vez, o menino é criado com mais liberdade; se chora, dizem-lhe que homem não pode chorar; brinca com carrinhos e bolas, desenvolve mais a racionalização do que a emoção.
No casamento, o casal leva consigo uma enorme mala repleta de atitudes, idéias, comportamentos e crenças que aprendeu durante a vida toda, com suas famílias. Por isso, surgem conflitos entre pessoas tão diferentes, vindas de famílias tão diferentes, para viverem uma só vida a dois.

1 – PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE HOMENS E MULHERES
Sl 139.13-16
A – Aspectos Físicos:
Os hormônios que fazem a diferença na quantidade de pêlos, timbre de voz, musculatura, apetite sexual, temperatura, esquema corporal, menstruação.

B - De acordo com alguns estudos já publicados, o cérebro do homem trabalha mais com o lado esquerdo (racional, espacial) e o da mulher com lado direito (emocional)

C – Órgãos sexuais e reprodutores:
Homem: pênis, bolsa escrotal. Vesícula seminal, canal deferente, próstata, testículos, etc
Mulher: vulva (pequenos e grandes lábios, clitóris, abertura vaginal), vagina, útero, trompas, ovários, etc.



2.2 – Aspectos psicológicos/emocionais:
O homem é mais racional ( calculista, voltado para o concreto, desejo de satisfação sexual rápida). A mulher é mais emocional ( sensibilidade, voltada para o abstrato, romantismo, desejo de receber afeto e carinho).

2.3 – Aspectos religioso/espirituais
A mulher é mais crédula, fervorosa. O homem mais cético, controlado.


O QUE PODE GERAR TAIS DIFERENÇAS

NECESSIDADES INDIVIDUAIS

MULHERES
Necessidade de contato físico (carinho, carícias, abraços)
Necessidade de conversar
Necessidade d atenção (ser ouvida)
Necessidade de romance
Necessidade de ser compreendida
Necessidade de ser aceita
HOMENS
Necessidade de contato físico
Necessidade de entender
Necessidade de atenção ( ter companhia)
Necessidade de ter reconhecimento
Necessidade de ser aceito.

2 – Expectativas
Acerca das expectativas em torno da vida conjugal, pode-se dizer:
A – Elas vão sendo formadas ao longo da vida pessoal, pelos “retratos” observados;
B – Sofrem influências diretas e indiretas da família, da escola, da religião, da mídia, da cultura, da sociedade;
C – O casal nem sempre revela suas expectativas um para o outro;
D – Elas podem ser explicitas ( faladas, mas sempre entendidas) ou implícitas (norma, regra universal, mitos);
E – Relacionadas aos papeis conjugais;
F – São realistas ou irrealistas.

Fatores positivos e negativos das expectativas
Positivos: Negativos
Direciona aquilo que querem Cobranças e pressões não claras
Ajuda no processo de escolha Esperanças irreais
Determina a tomada de decisões Frustração
Ajuda no controle dos acontecimentos Sentimentos negativos




3 – PAPÉIS E RELAÇÃO FAMILIAR
Mt 19.6
PAI MÃE PAI MÃE


FILHO FILHA





CASAMENTO


ESPOSO ESPOSA
Homem Mulher
Pai Mães

Papéis parentais relacionados às ligações entre parentes: pais, irmãos, tios, avós, etc.
Papéis conjugais entre marido e mulher; relacionamento amoroso, sexual, fraternal.
Papéis paternais pai e mãe em relação aos filhos.
Inversão de papéis um assumindo o papel e a responsabilidade do outro: filho tomando o lugar do pai, mãe tomando o lugar da filha, etc.
As expectativas são criadas a partir dos
modelos parentais e familiares

PRINCPAIS CAUSAS DE CONFLITOS CONJUGAIS - Fatores que incidem no relacionamento:
Finanças; Diferenças individuais;
Relacionamento sexual (Desinteresse sexual), Distúrbios de comunicação;
Família s origem, Interferência de terceiros;
Educação dos filhos;
Individualismo;
Expectativas não correspondidas;
Rotina;
Aposentadoria;
Crise da meia idade;
Filhos,“Ninho vazio”;
Enfermidade;
Estresse;
Baixa auto estima [ pessoas que não se sentem amadas;
Mitos conjugais;
Dia-a-dia, cotidiano.



Na verdade, estas são apenas algumas causas que podem desencadear conflitos na vida conjugal, pois elas são infinitas. Coisas pequenas, como a maneira de apertar o tubo de pasta de dentes ou o modo de sentar-se à mesa, são causadoras de freqüentes atritos conjugais. O acúmulo destes atritos pode gerar fortes crises conjugais.

4 – DISFUNÇÕES DAS RELAÇÕES PARENTAIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS


TIPOS DE PAIS
CONSEQUÊNCIAS

MÃE DOMINADORA E POSSESIVA
Gera filhos inseguros com dificuldades de relacionamentos, filhas insubmissas, adolescentes rebeldes ou com baixa auto-estima
MÃE FRAGIL, SEM EXPRTESSÃO DE SI MESMA Gera filhos revoltados, carentes inseguros, temerosos.

PAIS AUSENTES
Gera carência afetiva, insegurança ou revolta absoluta e insubmissão.

PAI AUSENTE
Gera nos filhos insegurança, podendo levar ao homossexualismo, às drogas e à revolta.

PAIS PERMISSÍVEIS
Gera insegurança, indolência, agressividade, superestima, egocentrismo.

PAIS DROGADOS
Gera revolta, agressão, insegurança, medo, tristeza, baixa auto-estima.

PAIS AGRESSIVOS
Gera revolta, agressão, insegurança, medo, tristeza, baixa auto-estima, psicopatia.

PAIS DIVORCIADOS
Gera culpa, insegurança, conflitos internos sobre quem está certo e quem está errado.

5 – COMPREENDENDO O PRINCÍPIO DA ACEITAÇÃO INCONDICIONAL
Gl 5. 14-15
Geralmente, as pessoas se casam, achando que com muito jeito e amor poderão consertar os defeitos do outro. A dificuldade de mar e aceitar o cônjuge como realmente é freqüentemente causa muitas divergências entre o casal. Querer que o cônjuge seja uma pessoa idealizada, é uma demonstração de que não é amado do jeito que é, mas sim alguém que foi criado na imaginação. Isto magoa o parceiro, porque ele é rejeitado na sua natural maneira de ser. Esta atitude priva o casal de aprender um com o outro e admirar as maravilhas da singularidade de cada ser humano.




6 – COMPREENDENDO O PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIEDADE
Príncipe Encantado e Cinderela só existem em contos de fadas. Ninguém é totalmente lindo, maravilhoso e perfeito. Homens e mulheres são pecadores, e o que os torna seres de valor é a graça infinita de Deus.
Dentro de uma perspectiva verdadeira, dentro do que marido e mulher podem ser, é perfeitamente possível serem felizes. A complementaridade que ambos buscam está na soma de um mais um que se torna três – um homem, uma mulher e um casal.
O homem que ama, valoriza e respeita sua mulher e elogia seus atos, faz críticas construtivas, aponta suas virtudes, respeita seus limites e oferece seu ombro. A mulher que ama, valoriza e respeita seu marido, aprecia suas atitudes, critica construtivamente, admira suas virtudes, aceita sua limitações e estende sua mão. Eles caminham lado a lado, estimulam um ao outro e compartilham suas vidas. Certamente isso ajuda a ambos sentirem-se grandes pessoas.


CONCLUSÃO
As influências biológicas, culturais e familiares afetam diretamente a maneira como construímos nossas próprias imagens. Se essa imagem é falsa ou distorcida, fará com que projetemos no companheiro nossos conflitos internos, tornando o casamento parcial, porque o cônjuge não pode contribuir com suas próprias características.
Para muitos, é mais fácil enfrentar o desafio do divórcio do que o desafio de “crescer” dentro do casamento. Por isso, homens e mulheres esquivam-se de um confronto consigo mesmos, com seus valores sociais, morais e culturais, fugindo de si mesmos por causa do modo de madurecer e assumir responsabilidades.
Quando Deus criou homem e mulher, macho e fêmea, criou-os para se complementarem, não para viverem em eterna disputa, culpando um ao outro pelos erros cometidos, como acontece desde o Jardim do Éden. No entanto, na medida em que crescem e se sentem mais realizados como pessoas, descobrem o quanto o casamento pode ser interessante para os cônjuges e quanta felicidade pode haver na vida a dois. ( Gn 2. 18-23).



















O CONSELHEIRO DE CASAIS











I – O PERFIL DO CONSELHEIRO
Pv 3.5; Tg 3.17;6.16.

1 – Preparar-se adequadamente para o aconselhamento: lendo, conhecendo e estudando os vários aspectos da vida conjugal;
2 – Ter uma vida espiritual estruturada;
3 – Conhecer seus limites emocionais e psicológicos: com capacidade para separar os problemas dos outros dos seus;
4 – Ser uma pessoa madura: desenvolvendo cada vez mais seu autoconceito, valorizando e aceitando as pessoas como elas são. Estar bem consigo mesmo;
5 – Ter uma vida conjugal equilibrada;
6 – Ter uma vida sexual plenamente ativa e satisfatória;
7 – Sempre que preciso, buscar ajuda de um conselheiro conjugal; todo casal tem problemas. Quando os problemas se tornarem grandes ou muito pesados, dividir com alguém será vital para o seu casamento;
8 – Saber guardar segredo a qualquer custo: isto é uma questão ética fundamental em qualquer tipo de aconselhamento.
9 – Ser um bom ouvinte: não só escutar, mas analisar e entender o que está sendo dito por ambas as partes.
10 – Ser sensível, ponderado, prático e sensato: para saber envolver-se emocionalmente, com simpatia, mas mantendo também o equilíbrio.
11- Manter claro e estar convicto de seus padrões espirituais, morais, éticos: isto ajuda a não “enrolar-se” diante de temas controvertidos e polêmicos como homossexualismo, aborto, vícios, etc;
12 – Saber respeitar as opiniões alheias, mesmo que contrarias a contraditórias as suas;
13 – Ser uma pessoa sem preconceitos: para não classificar as pessoas nem oferecer conselhos rígidos. Lembre-se de que Jesus não fez acepção de pessoas.

2 – A VIDA CONJUGAL DO CONSELHEIRO
ITm 5.8
1 - O Conselheiro precisa ter um casamento saudável:
Realizando-se sexualmente com o cônjuge;
Tendo o casamento como um compromisso assumido perante a Deus;
Aprofundando a intimidade;
Fortalecendo a vida familiar;
Buscando, diariamente, a presença de Deus;
Mantendo vivo o romance;
Criando alvos em comum;
Resolvendo conflitos;
Mantendo uma boa comunicação.

2 – Por que é importante manter a saúde conjugal do casamento?
Para cumprir o propósito de Deus para o casamento
Para fortalecer a vida familiar
Para estar capacitado a ministrar a outros casais
Para servir de testemunho cristão à sociedade
Para desenvolver “anticorpos” à infidelidade conjugal.

3 - O PREPARO ESPIRITUAL DO CONSELHEIRO
1 – Desenvolver uma vida intima com Deus através da oração, leitura estudo da Palavra
2 – Ter à cabeceira da cama um guia de devocional para reflexão e meditação diária
3 – levar tudo a Deus em oração
4 – Orar por você, por seu cônjuge e pelo casal que você irá aconselhar antes de ir para o encontro de aconselhamento.

4 – O PREPARO PESSOAL DO CONSELHEIRO
1 –Ler e estudar
2 – Ter convicção de seus valores familiares, idéias de vida conjugal e pensamentos de acordo com os princípios bíblicos;
3 – Usar de verdade e amor. Isto exige um preparo psicológico, para quando tiver de fazer confrontações;
4 – Reciclar seus conhecimentos e idéias. O mundo gira sem parar. Um/a conselheiro/a de casal necessita ficar em dia com temas atuais relacionados com a família;
5 – Conhecer-se a si mesmo em todos os aspectos: físico, emocional, social, espiritual. Reconhecer seu próprio limite e capacidade;
6 – Saber o que fará no aconselhamento, que estratégias usar, de que ajuda o casal está precisando;
7 – Conhecer suas motivações e o que lhe causa frustração, irritação ou desânimo quando envolvido em um relacionamento interpessoal.






5 – AS LIMITAÇÕES DO CONSELHEIRO
Fp 3.12-21
1 – Ser um ser humano; com tendências, fraquezas e paixões humanas. Com tendências à incredulidade e falta de fé;
2 – Ter o corpo corruptível que se fatiga, esmorece, adoece, sente dor;
3 – Ter sentimentos e emoções: desânimo, tristeza, ansiedade, preocupação, etc.
4 – Ter um tempo muito limitado. Igualmente a todo mundo, tem necessidade da trabalhar, dormir, descansar, ir às compras, dar atenção à família, etc.
5 – As próprias crises: pessoais, familiares, vocacionais, espirituais e conjugais, entre outras.
Conclusão:
Sem dúvida, o aconselhamento envolve muitas questões de ordem íntima-pessoal e social-familiar. O conselheiro de casais deve estar consciente de seus deveres e direitos enquanto aconselhador.
Com certeza, ser conselheiro e aconselhar não é lá uma das tarefas mais fáceis. Nosso exemplo de vida deve ser sempre a pessoa de Jesus. Lembrar-se de como Jesus procedia com amor e firmeza, com verdade e sinceridade, com conhecimento e fé, com pureza e inteligência, em seus mais variados tipos de aconselhamento, dependendo de cada situação e natureza do problema que encontrava, será uma bússola preciosa para o conselheiro de casais.
Para missão tão sublime é necessário, antes de tudo, seguir o exemplo de Jesus e aprender com seus ensinamentos. Mantendo este objetivo, certamente será capaz de ser bênção na vida de muitos casais e famílias.
“ Sobre tudo o que deve guardar, guarda o teu coração,
porque dele procedem as fontes da vida.” (Pv 4.23)

























O ACONSELHAMENTO
“O aconselhamento é uma das tarefas essenciais da comunidade cristã. Ele oferece às pessoas uma ajuda para a fé e a vida.

1 - DEFINIÇÃO DE ACONSELHAMENTO:
Dicionário Aurélio: “Processo de orientação educativa em que o orientador auxilia o orientado nas decisões que deve tomar com referência a escolha para a vida (conjugal), permitindo ao orientado expressar livremente seus anseios, preocupações, tensões emocionais, e bem assim planos positivos; fazendo com que o orientador valorize a personalidade do orientado”.

Aconselhamento não é dar conselhos, mas antes, é compartilhar, de forma empática, com a outra, ajudando-a a entender a sua problemática para que, a partir da compreensão dos conflitos, possa escolher o seu melhor caminho.

Reinhold Ruthe – “A palavra conselho vem do latim consilium, que tem o sentido de deliberação, resolução, projeto, plano, desígnio. É a ação de refletir, elaborar, preparar, planejar. Também está inclusa a idéia de sugerir, propor, interpretar. O aconselhamento é um processo, não uma resposta pronta a uma pergunta”.

2 – A IMPORTÂNCIA DO ACONSELHAMENTO.
Em nosso dia-a-dia, de uma forma ou de outra, sempre estamos envolvidos em situações que, reconheçamos ou não, requerem algum tipo de aconselhamento. A orientação oferecida a um filho no meio de uma crise, a ajuda a um/a conhecido/a enlutado/a, uma advertência a um adolescente acerca de seu comportamento no namoro, a assistência à família de um alcoólatra, o auxílio a um companheiro com dificuldades no trabalho e várias outras situações são exemplos bastante claros da necessidade que temos de nos ajudar mutuamente.
No que tange ao relacionamento conjugal, quando o nível de tensão aumenta num relacionamento conjugal e os problemas aparecem não ser mais possíveis de solução, os cônjuges tendem a perguntar: “Porque isso está acontecendo conosco? Porque que nada aconteceu como eu esperava?”
Quanto maior for a preocupação, o envolvimento emocional e a pressão psicológica, maior será também, para essa casal, a necessidade de ajuda.

3 – PARA QUE SERVE O ACONSELHAMENTO
a – Para ajudar os cônjuges a enxergar aquilo que não conseguem ver. As pessoas, quando estão envolvidas em problemas, tendem a não perceber nem ver o óbvio. Uma terceira pessoa, que neste caso é o/a conselheiro/a, tem o papel de ajudar o casal nos esclarecimentos necessários sobre a natureza do conflito, responsabilidade de cada cônjuge para a instalação do conflito, o que estão ou não estão fazendo para solucionar o conflito.

b – Para avaliar até que ponto a solução depende do meio e situação em que estão vivendo. Muitas vezes eles estão sofrendo pressão por parte de parentes, filhos, enfermidades, falta de dinheiro, etc. Sem que percebam, a verdadeira causa do conflito pode vir daí.

c – Para refletir na responsabilidade que cada um tem na solução do problema. Seja por qual motivo, por quem começou, por quem discordou, o conflito é problema do casal. Ambos tem a responsabilidade de participar da resolução.

d – Para ajudar o casal na busca de recursos próprios e de caminhos a seguir na resolução dos conflitos. O/a conselheiro/a aconselha, direciona, apresenta soluções; mas o casal precisa concordar, aceitar e seguir os conselhos. Muitas vezes, a solução pode ser apresentada por ambos ou um dos cônjuges mesmo.

4 – TIPOS DE ACONSELHAMENTO

TERAPÊUTICO – Para ajudar o aconselhando no tratamento de conflitos e problemas já existentes. É o mais procurado.
PREVENTIVO - Trabalha na prevenção ou não instalação do problema. Serve para evitar a ocorrência de crises maiores. Um bom exemplo deste aconselhamento é aquele feito por um tutor.
EDUCATIVO - Como forma de ensinar princípios às pessoas, é usado, principalmente, em aulas e em grupos.

5 – O PROCEDIMENTO NO ACONSELHAMENTO

LOCAL E AMBIENTE:
A – Escolher um ambiente privado, o mais confortável possível.
B – Ter, pelo menos, três cadeiras. Procurar indicar onde o casal deve se sentar, de modo que haja uma distância entre os lugares, para que não possam tocar-se e para que possam olhar um para o outro com facilidade.
C – Evitar ficar a sós com o cônjuge de sexo aposto.

ENTREVISTA INICIAL
Regras que devem ser estabelecidas no contrato de aconselhamento:
a – Combinar dia, hora e local mas adequado a todos.
b – Delimitar o tempo de aconselhamento em, no máximo, 2 horas. Trabalhar num aconselhamento por mais de 2 horas consecutivas é extremamente desgastante.
c – Não permitir que haja agressão física ou verbal, nem alteração excessiva de voz. O conselheiro precisa manter a situação sob controle, para que o trabalho possa ser produtivo.
d – Avisar de que, possivelmente, haverá encontros individuais com cada um dos cônjuges. Pode ser que o/a conselheiro/a queira afazer perguntas e tirar dúvidas sobre algo particular referente a cada um que não seja conveniente estar na presença do outro. É necessário dizer o porquê do encontro individual.

ESTRATÉGIAS
No aconselhamento o conselheiro necessita:
- Ouvir o conflito, contado em ambas as versões;
- Ser acessível a ambos os cônjuges. Ter muito cuidado com segredos;
- Ser sincero/a, mas cuidadoso/a com as palavras;
- Prestar atenção e analisar sentimentos, ressentimentos, lágrimas, palavras duras, acusações, expressão corporal e verbal.
- Examinar todos os pontos de uma questão, incluindo sempre os pontos positivos;
- Identificar o centro do conflito e a dificuldade de cada cônjuge,
- Fazer perguntas:
1 – Como você se sente em relação a este problema?
2 – Como surgiu o conflito?
3 – Isto já aconteceu com você antes?
4 – Qual é sua reação diante do problema?
5- Como você se vê em relação ao problema?
6 – Em que você contribuiu para que o conflito aparecesse?
7 – O que você pode fazer em relação ao conflito que estão enfrentando?
8 – Qual é o seu limite em relação ao conflito que estão enfrentando?
9 – Do que você pode abrir mão para que o problema seja solucionado?
10 – Você está conseguindo ouvir e entender o que seu (sua) esposo/a está dizendo?
11 – Você se sente ouvido/a pelo seu cônjuge?
12 – Você consegue compreender as razões ou os sentimentos dele/a?
13 – Qual solução você pode sugerir para a resolução do problema?

- Situar o conflito em relação a cada um dos cônjuges e em relação a você mesmo, sempre lembrando que o conflito é sério para eles, senão não teriam pedido ajuda
- Separar os conflitos por pontos. Geralmente há várias coisas misturadas.
-Comece a trabalhar no ponto mais importante para o casal, se ele não estiver claro o bastante para você, pergunte. Você pode dizer: Estou ouvindo vocês e percebendo que há vários pontos dentro do conflito que trouxeram. Por qual deles vocês preferem começar a trabalhar? A partir daí utilize as perguntas acima.
- Só apresente soluções diretas quando o “clima” estiver adequado para elas, quando o casal já tiver conversado sobre o assunto, entendido o que está se passando e pronto para segui-las.
– Aconselhe coerentemente, adequadamente, biblicamente, sabiamente, sensatamente. Se eles já delimitaram seus limites de compreensão, aceitação e negociação, não dê conselhos ou tarefas que ultrapassem esses limites.
- Esteja sempre pronto/a para falar, mas muito mais pronto para ouvir.
- Esteja calmo/a e relaxado/a. Preste atenção a si mesmo o tempo todo. Este é um exercício difícil, mas possível.
“A característica mais marcante do aconselhador é a sua grande sensibilidade a pessoas, sensibilidade às suas esperanças, seus medos e tensões de personalidade. O aconselhador é particularmente sensível a todas as pequenas expressões do caráter, como o tom de voz, a postura, a expressão facial, e até mesmo o modo de trajar e os movimentos aparentemente acidentais do corpo. Assim, ele aprende a ler o caráter não tão simplesmente como se estivesse lendo o proverbial livro aberto, mas como um viajante que atravessa um pais desconhecido, achando tudo novo, interessante e tentando entender” A arte do Aconselhamento Psicológico” Rollo May, Pág. 87.




MEDIAÇÃO
1 – Mantenha isto em mente: o/a conselheiro/a é um/a mediador/a entre os cônjuges.
2 – Estabeleça um bom contato. A empatia ´r obrigatória desde o início. Se o contato é bom no inicio, o será até o fim.
3 – Procure orar com o casal antes de iniciar o aconselhamento. A oração é um meio de acentuar sentimentos e tocar na consciência e no coração.
4 – Tenha toda a atenção voltada para ambos os cônjuges.
5 – Seja imparcial. Ajude o casal a negociar. Ser for necessário faça intervenções duras, à vezes, é preciso confrontar o que se está firmando.
6 – O sofrimento sempre fará parte de um aconselhamento. Ele deve agir como agente de transformação.

6 – MODELOS DE ACONSELHAMENTO
INDIRETO – É este que está sendo tomado como base. Onde o apontamento da direção e solução é dado tanto pelo aconselhador quanto pelo aconselhado.
MEDIAÇÃO – ( tri-relacional ). É no qual acreditamos e nos baseamos também. Há o relacionamento entre o Aconselhador e Deus e também entre o Aconselhando e Deus, e entre os três.
DIRETO – Onde o aconselhador é quem direciona o aconselhamento e apresenta soluções.


7 – LIMITE E FRACASSO NO ACONSELHAMENTO

A – Errar faz parte da natureza humana. Portanto, não seja rígido ao ponto de não poder perdoar a si mesmo e aqueles com quem está trabalhando.
B – Esquecimentos, deslizes, má atuação são passiveis de passar por correções e acertos futuros.
C – O Conselheiro é apenas um mediador. Só Deus é Deus. Milagres só irão acontecer se todos trabalharem de acordo. Se houver interesse e cooperação por somente um do cônjuges, o trabalho é quase impossível de ser terminado.
D – A resistência é uma grande barreira a ultrapassar. Quando o aconselhado ou o conselheiro não é capaz de quebrá-la será fatal para o aconselhamento.
E – Os sinais de perigo devem ser observados atentamente. Se começar a haver algum tipo de interesse que extrapole o objetivo e a intenção do aconselhamento o esclareça ou interrompa.
F – Erros fatais não devem acontecer nunca!










CONCLUINDO.
Certamente que é da vontade de Deus que os casais vivam felizes e em união. Há uma infinidade de motivos pelos quais casais se desentendem e entram em conflitos e crises. O aconselhamento é um meio precioso de ajudar os casais e famílias a restabelecer a harmonia.
Jesus foi denominado Maravilhoso Conselheiro e Príncipe da Paz. Ele é, em teoria e prática, nosso exemplo maior e melhor. È também nosso Conselheiro direto, através de quem temos livre acesso ao Pai.
Apropriemo-nos de tudo isso, para que sejamos eficientes em nosso papel de conselheiro e aconselhador.
ESTUDO DE UM CASO FICTÍCIO

A HISTÓRIA DE ALINE E CARLOS

Casados há 2 anos, Aline e Carlos tem, de origem, famílias bem diferentes.
Ela, proveniente do interior de Minas, tem dois irmãos mais velhos e uma irmã mais nova. Seus pais os criaram numa igreja de doutrinas rigorosas e, pela falta de condições na cidade, tem apenas o 2º grau incompleto.
Ele, de BH, tem duas irmãs mais velhas, criado no catolicismo, mas sem nenhum compromisso maior. Converteu-se aos 20 anos, quando foi levado à igreja por um colega da faculdade.
No final do curso de Direito, conheceu Aline num congresso de jovens Cristãos. Apaixonaram-se e, por causa da distância em que moravam, namoravam apenas em finais de semana alternados. Dois anos depois, casaram-se.
Carlos ganhou de seus avós um bom apartamento, em Carlo Prates e havia conseguido um excelente emprego como advogado, em uma empresa de um amigo de seu pai. Ele estava se sentindo feliz e realizado, aos 25 anos de idade.
Aline ficou encantada com a nova vida de casada, morando em BH, num apartamento lindo e bem mobiliado. Finalmente havia encontrado alguma recompensa pela vida difícil de trabalho junto aos pais, no sítio onde moravam.
Não demorou muito para que os conflitos começassem a surgir.
Discordaram, primeiro, a respeito da igreja. Aline queixava-se que não podia concordar com vários aspectos da igreja, que achava liberal demais; a contragosto, continuou a freqüentá-la por que Carlos não abria mão do ambiente onde se convertera e estava acostumado.
Aline também se esforçava para acompanhar o marido em reuniões e festas da igreja e da empresa em que ele trabalhava. Não gostava muito dede sair da casa e reclamava que não tinha conhecidos com quem pudesse conversar. Assim, passava todo o tempo das festas ao lado de Carlos, chateada e entediada.
Carlos ficava constrangido com o comportamento da esposa e pedia que ela se esforçasse para fazer amigos e, volta e meia, para justificar a timidez de Aline dizia, na frente das pessoas, que ela era um “bichinho do mato”, mas que ele iria domesticá-la. Estas palavras deixavam-na magoada, mas não dizia nada. Ele também começou pressioná-la para que voltasse aos estudos, que ela precisava crescer, como ele, que não chegaria a lugar nenhum se ficasse em casa à toa, o dia todo.
Aline justificava-se, dizendo que os afazeres domésticos eram muitos e que ficava ocupada o dia todo limpando, lavando, cozinhando para ele e que nas horas de folga, ficava lendo. De vez em quando, queixava-se de saudades da família e, ao visitá-la, demorava-se por lá entre 7 e 10 dias. Não demorou muito para que Carlos começasse a implicar com suas viagens de visita à família e, para dar o troco, passava, muitas vezes, os sábados e domingos inteiros na casa de seus pais.
A atividade sexual do casal andava de mal a pior. Aline, sistematicamente, ia dormir muito cedo, um pouco depois do jantar, quando Carlos ainda estava no banho, assistindo a algum filme na tv ou navegando na Internet. De modo que só conseguiam ter relações sexuais nos fins de semana, quando Carlos não ficava na casa dos pais até tarde. Ainda assim, ela reclamava da pressa de Carlos e de sua falta de carinho. Ele, por sua vez, dizia que a esposa era muito bobinha, que precisava ficar mais esperta nas relações sexuais.
As discussões foram se avolumando.Sempre em torno de queixas, cobranças, pressões, incompreensões, justificativas, etc. As brigas eram constantes e acabavam sempre com Carlos batendo a porta e ir mexer no computador ou com Aline rompendo em lágrimas, sendo abraçado por um marido que não sabia o que dizer.
Até que, aconselhados por um casal da igreja, resolveram procurar um conselheiros de casais.

PROCEDIMENTO PARA O ACONSELHAMENTO
Perfil de ambos;
Principais queixas de Aline e Marcos;
Sentimentos do casal;
Conflitos do casal;
Seu procedimento no aconselhamento;
Perguntas:
O que faria?
O que poderia ser negociado?
Exercícios e deveres de casa apropriados.

pastorlugon@hotmail.com
www.igrejametodistacp.org
BIBLIOGRAFIA

LUGON, Roberto. Família e Casamento: Orientação Para Casais, São Bernardo do Campo, Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, 1996.

PADILLA, René. ZERO A ZERO, Como resolver os conflitos no casamento sem terminar a relação, São Paulo, Mundo Cristão, 2008.

MALDONADO. Jorge E. Crises e Perdas na FAMÍLIA. Viçosa, Ultimato, 2005.

RUTHE, Reinhold. ACONSELHAMENTO – Como se faz?, Curitiba, Editora Luz da Vida, 1999.

CHAPMAN, Gary. Como mudar o que mais irrita no casamento. São Paulo, Mundo Cristão, 2007.
KORNFIELD, David. Casamentos que se fortalecem por meio da mentoria. São Paulo, Editora Vida, 2006.